quarta-feira, 31 de outubro de 2012

WORKSHOP

  Sobre o workshop de performance+fotografia+vídeo+multimídia  como parte integrante da bolsa “O Coração na Curva de um rio”

Começarei a postar alguns textos do Workshop realizado no REATOR e que iniciou no dia 11 de setembro de 2012, a primeira Postagem é a minha fala de abertura:

Nando Lima – Boa Noite! Sejam bem vindos ao Reator. Esse trabalho, que estamos começando hoje, é um Workshop bem aberto, uma experimentação. A base deste projeto é a questão da memória. E quando eu digo memória é algo muito aberto.

Então eu comecei a pensar o que seria pra mim memória, o que seria? O que eu queria discutir? No projeto eu coloquei alguns pontos de partidas que seriam apenas indutores para alguma coisa que vai se dar ao longo desse processo. Desses indutores; 3 são calcados em fatos: o primeiro é a viagem do Mário de Andrade pela Amazônia em 1927. Em que ele escreve “O Turista Aprendiz”, com as viagens da Amazônia e do Nordeste. Mas eu me concentro mais nessa parte da Amazônia, e mais propriamente Belém. Outro ponto é a vinda da Clarice Lispector a Belém em 1944. Em que ela ficou hospedada no hotel central e morou durante seis meses. Outro ponto é 1972, em 4 de junho de 72 um navio chamado “Presidente Vargas” afundou na frente da ilha de Soure aqui no Pará. E era um navio que fazia entre outros,o trajeto Belém Mosqueiro, Belém Soure. Era  da empresa que fazia a linha pra esses lugares. São 3 coisas que não tem nada a ver umas com as outras em principio.

Para mim, essa questão de memória é essa questão com o Mário de Andrade do que sempre ouvi dizer sobre ele, e li nos textos e hoje em dia vejo também na internet. Na escola a professora dava pra gente estudar o texto “como Belém é linda...” ou “Belém isso Belém aquilo...”. E isso foi criando um universo na minha cabeça que eu não consigo explicar pra vocês de maneira clara o que significa isto aqui neste momento, porém, tem um negócio que foi criado na minha cabeça com essas questões sobre o que é ver, perceber, e ser Belém.

O outro com a Clarice:   quando eu tinha 16 anos comecei a frequentar o “Bar do Parque” que nessa época era um centro frequentado por artistas. [...]E comecei a ouvir que a Clarice Lispector tinha estado em Belém. E como eu estava com o pessoal do teatro, O Benedito Nunes e a Maria Sylvia Nunes eram uma referência... Havia o fato de que eles tinham convivido com a Clarice e eu começava a perceber na época que a “Clarice” era uma grande escritora.

Então para um garoto que está começando a querer fazer alguma coisa nessa área de artes e escuta esse tipo de coisa de pessoas que estão em outro patamar de vivência, isso começa a criar um universo de imagens e significados.

 Em 1972 quando o navio Presidente Vargas afundou eu tinha 9 anos de idade. E lembro de ouvir no rádio, e eu nunca tinha viajado de navio pra canto nenhum, e mesmo nunca tendo visto,  pra mim era um navio gigantesco, enorme, e isso ficou por muito tempo na minha cabeça de alguma forma que não sei dizer.
E ai quando eu comecei a pensar na questão da memória, uma das coisas que me ocorreu a respeito do navio Presidente Vargas é que a minha avó tinha um álbum de fotos em que alguns amigo,  tios e etc... que alguma das pessoas estavam vestidas de marinheiro e eu de alguma forma liguei uma coisa com a outra. E pensando nessas coisas, elas começaram a aflorar e a vir.

Pra mim são 3 indutores e que eu não tenho a menor ideia do que vai dar, e que com certeza eu não tenho a menor intenção de ser e trabalhar de maneira documental no sentido de colocar o que a história foi; Mas simplesmente tentar me reportar para o meu imaginário, e o que me fez ser o que eu sou. Essas coisas todas elas somam com essa vontade de compartilhar com pessoas que eu sei que de alguma forma buscam caminhos e ou trilham caminhos que se tocam no exercício do fazer artístico, de como é que se pode trabalhar com arte, de como é que se pode viver com arte.

Hoje eu tento colocar nas coisas que eu faço exatamente o que eu penso o que eu sou. É quase que uma opinião. ...às vezes você olha e pode parecer algo muito velado, mas eu estou me expressando com uma coisa que é muito clara pra mim. Sinceramente eu tento chegar em todos e 80% das vezes até não se consegue plenamente, mas eu tento de maneira sincera. Não tenho nenhuma intenção de fazer alguma coisa que ninguém entenda ou fazer uma coisa que não tenha nenhum embasamento. Acho que existem milhões de formas de se fazer, milhões de forma de ver arte. Realmente é uma questão plural onde muitas coisas cabem e podem ser feitas. Acho que o que eu sei fazer é só mais uma maneira de se fazer.

Quando eu comecei a articular a ideia, conversei com algumas pessoas que estão ao meu redor como o Alexandre, O Danilo, o Leo, que é um parceiro de anos de trabalho, A Luciana. Enfim, sempre fico tentando me “antenar” com as pessoas e tentando trocar alguma coisa. Pra esse workshop achei interessante pedir ao Alexandre Sequeira  pra fazer uma fala sobre o trabalho dele por que eu sei que de alguma maneira toca nessas ideias que eu tento trazer pra esse trabalho da bolsa. A Ana Lobato que é uma pessoa que trabalha com o cinema, que tem uma carreira nessa área voltada pra pesquisa dentro do cinema, é uma pessoa que conheci no IAP- Instituto de Artes do Pará, e que noutro tempo fui aprendendo com ela várias questões sobre imagem e acho que é uma pessoa legal pra conversar com a gente. O Marcelo Rodrigues é uma outra pessoa, e que é técnico, e é câmera, e que tem uma maneira muito própria de enxergar o mundo e de traduzir o trabalho que ele faz. O Marcelo foi câmera em vários documentários, em vários filmes de ficção, de coisas experimentais como, por exemplo, o trabalho que a gente fez com o Danilo que é um trabalho de dança e que já participou em um  festival da Colômbia, do Dança em Foco aqui no Brasil, festivais específicos pra esse tipo de trabalho. E foi um trabalho feito com toda uma intuição, então o Marcelo é uma pessoa que fui aos poucos conhecendo. E a Val Sampaio que é uma pesquisadora, artista, que conheço já de muitos anos, mas que principalmente tem um trabalho que une tecnologia e ideias e um conhecimento acumulado e a visão clara sobre o uso de novas tecnologias na arte.  Quando eu digo que não sei onde vou chegar é por que realmente quero ouvir essas pessoas e comparar o que eles dizem com coisas que penso. É uma possibilidade de chamar pessoas interessadas e de conversar e abrir...

O projeto da bolsa eu escrevi sozinho, não tinha nenhuma outra pessoa envolvida e aos poucos estou envolvendo algumas pessoas, por exemplo, o Léo que tem me ajudado  com o som. tudo que estamos fazendo aqui no Reator a gente tem gravado e guardado, O Lenilson Farias que esta me ajudando a organizar a produção executiva.

E para começar nossa jornada vou passar a palavra  ao Alexandre Sequeira. 

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